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domingo, 26 de janeiro de 2014

O velho lobo das estepes.


Ilustração: Wagner Pereira Junior
Ele caminha pelas estepes e pradarias... sabe que seu pelo
já não é liso  e sedoso como outrora,  seus movimentos já são são rápidos e precisos
como na juventude,
a força lhe falta em alguns movimentos e a resistência se reduziu com o passar dos anos.

O passado desfila á sua frente, fatos bons e ruins tendo-o como protagonista ou coadjuvante fazem com que sua vida se assemelhe a um filme.

A melancolia por vezes toma conta de seu ser e a amargura oprime seu coração.

 
Mas entre tantas coisas que aprendeu uma lhe é especial... ele sabe que o tempo passa para tudo, e nada é eterno e por mais difícil que seja, tudo cura o tempo, nada perdoa o tempo. As feridas podem até não se curar mas com certeza irão cicatrizar, elas estarão ali para demonstrar que um dia já sofremos por algo, mas não sentiremos mais a dor, restará a lembrança, e se foi boa, teremos boas lembranças.

Ele olha o mundo e o vê de forma diferente dos seus semelhantes, ele agradece os dias sempre, agradece até onde sua caminhada o levou, viu e participou mais que os de sua espécie, conhece mais sobre a vida do que seus contemporâneos, mas ele sabe que tudo isto tem uma grande responsabilidade , nada vem de graça e que não existe o acaso.

Ele sabe que DEUS não joga dados e não conta com a sorte, tudo tem uma razão e um porque, e muitas das vezes não entendemos a finalidade de tudo isto, mas ele sabe que um dia teremos um significado de tudo... é uma questão de esperar.

E nestas reflexões o velho lobo das estepes segue sua caminhada, algumas vezes a saudade vem lhe visitar, ele a recebe,  ela o atormenta por um tempo e depois o deixa... ele sabe que somos seres suscetíveis e que não temos controle sobre nossos sentimentos... e por mais estranho que possa parecer, ele sente um certo prazer com tudo isto, pois isto faz parte da evolução do ser, ele viveu e vive, e estes sentimentos o formam, o moldam, o forjam cada vez mais.

Ele sabe que chegará um dia que suas pernas não terão mais forças para levá-lo onde desejar, que o sol irá se por e não mais irá raiar, seus olhos verão pela última vez o esplendor da vida, seus pulmões em seu instante derradeiro irão sentir o poder da vida e de DEUS fluindo e o grande espetáculo irá cerrar as cortinas...

Mas este dia ainda não chegou, e o velho lobo das estepes caminha, ele algumas vezes olha para trás, a saudade o invade, mas é para frente que se anda, para a frente que o sol brilha, ele pára algumas vezes e vive o momento, em outras se reúne com seus semelhantes e troca suas experiências, mas ao final sempre volta a sua caminhada, sempre olhando para a frente... e ele pensa em suas divagações: "quem sabe, se os humanos estiverem certos e o mundo for redondo mesmo, eu tornarei a passar por lá novamente, quem sabe eu possa viver novamente... quem sabe eu possa... que ELE me permita...".

E o velho lobo das estepes segue sua caminhada, para a frente sempre...     

Ele sabe que ao final tudo ficará bem e se não está bem agora é porque ainda não chegou ao final...

E o velho lobo das estepes segue sua caminhada, para a frente sempre...    
 
 

Obs: este texto usa como base a obra de Herman Hesse (O Lobo da Estepe) adaptado á realidade do autor.

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